quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Os fundamentos do Serviço Social na contemporâneidade.

Considerações acerca do texto:
“Os Fundamentos do Serviço social na Contemporaneidade”
Maria Carmelita Yazbek

O Serviço Social brasileiro tem em seu processo de constituição algumas análises e interpretações acerca da sua intervenção na realidade social, marcadas pelas transformações e pelo antagonismo, derivados do desenvolvimento do capitalismo em nossa sociedade.
Tais transformações perpassam a relação entre a profissão e sua gênese vinculadas ao catolicismo, e o pensamento neotomista, que caracterizava a priori, o caráter missionário, de cunho humanista, conservador, priorizando a formação da família e do indivíduo para solução dos problemas e necessidades materiais, morais e sociais.
Com o desenvolvimento do capitalismo, torna-se latente a realidade de desigualdade social, na medida em que as forças produtivas de desenvolvem. A profissão passa por exigências de qualificação e sistematização para atender as requisições do Estado que começa a implantar políticas sociais. O que caracteriza a legitimação profissional na divisão sociotécnica do trabalho, com inserção de um suporte técnico-científico fundamentado na teoria social positivista, mantendo o conservadorismo e o discurso humanista cristão.
O contexto histórico de mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais dos anos 60/70, comumente a essa tecnificação, acompanhada de uma crescente burocratização das atividades institucionais, trazem inquietações e insatisfações que refletem questionamentos ao Serviço Social tradicional. Confluindo para um processo de revisão teórico, metodológico, operativo e político da profissão, resultando no Movimento de Renovação e de Reconceituação do Serviço Social, assim como no desdobramento das vertentes teóricas: Modernizadora, Fenomenológica e Marxista, que traduzem diferentes fundamentações teórico-metodológicas para a profissão.
A partir dos anos 80/90 o Marxismo se torna referencial teórico no Serviço Social, permeando as ações e a formação do profissional, expressando ruptura com o conservadorismo, embora o mesmo não tenha sido superado de todo no interior da categoria profissional, denotando um debate plural que vem se constituindo objeto de reflexões e polêmicas no Serviço Social.
O amadurecimento que ocorre na profissão, tem como refração a revisão do Código de Ética (1993), a implementação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), em dezembro de 1993, e grandes avanços em vários setores, como: a natureza de sua intervenção, seus procedimentos, sua formação, da realidade social, política, econômica e cultural, na compreensão do Estado capitalista, das políticas sociais, dos movimentos sociais, do poder local dos direitos sociais, da cidadania, da democracia, do processo de trabalho, da realidade institucional, entre outros temas. Além da participação dos assistentes sociais em fóruns e conselhos vinculados às políticas sociais e debates referentes à formação profissional.
Alguns assuntos importantes são ilustrados nos debates dos assistentes sociais, referem-se à precarização e mudanças no mercado de trabalho de modo geral, com processos de terceirização, contratos parciais, temporários, redução de postos de trabalho, utilização de novos espaços de trabalho vinculados ao terceiro setor, exigência de novos conhecimentos técnico-operativos, do individualismo e da competitividade exacerbada, do afastamento dos propósitos éticos induzidos pela reestruturação do mercado e o processo de acumulação capitalista contemporâneo.
São questões complexas que exigem uma boa formação profissional, e denotam a necessidade de se reafirmar as bases teóricas, com a presença do diálogo entre as várias matrizes de pensamento social, assim como o respeito ao Código de Ética e a consolidação do Projeto Ético-Político da profissão.

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